30 junho 2007

Férias

Até daqui a 15 dias (se não apanhar um computador antes...).
Beijos e abraços a quem fica.


28 junho 2007

Anjos, Deus e similares



"Tal como os Mortais, os anjos fartam-se por vezes uns dos outros e querem estar sozinhos. Como as casas onde vivem estão sempre cheias, e não há mais lugar nenhum para onde ir, a única coisa que um anjo pode fazer nessas alturas é fechar os olhos e esconder a cabeça entre os braços. Quando um anjo faz isto, os outros percebem que ele está a tentar convencer-se de que está sozinho, e começam a andar à volta dele em bicos dos pés. A ajudar, são capazes de começar a falar sobre ele como se ele não estivesse ali. Se por acaso esbarrarem nele sem querer, ciciam: "Não fui eu"."

Nicole Krauss, "A História do Amor"

Lembro-me da primeira oração que aprendi com a minha mãe, "Anjo da Guarda, minha companhia, guarda a minha alma de noite e de dia". Fazia sentido então e continua a fazer sentido hoje, quando todas as outras já me soam como ecos esbatidos.

Diziam-me a semana passada que o meu grande problema é uma falta de Fé enraizada, que ando há muito afastada de Deus. E é realmente verdade. O meu problema é que estou convencida que sou Deus. Eu e os restantes entes deste mundo. E embora ache que somos seres fantásticos, a maior parte do tempo fazemos tanta mas tanta miséria que realmente apetece "fechar os olhos e esconder a cabeça entre os braços".

Outras vezes não.

Ser Deus é muito complicado.

23 junho 2007

Fantasias de uma dona de casa

(Tempestade no deserto. Um gigantesco Shai-Hulud corta as areias convulsas, imperturbável, em busca de especiaria...)
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(pousando a câmara na bancada):
- Passa-me aí outro pano da loiça que este está encharcado!

18 junho 2007

8º Funchal Jazz Festival

roubado daqui


Este ano não vou lá estar. Não se pode ter tudo, pelo menos enquanto não treinarmos a ubiquidade mais afincadamente :)

12 junho 2007

Santo António, 12.06.1988

Era tarde e nós embrulhados algures entre o Castelo e a Praça do Comércio.
Alguém passou num carro e gritou "arranjem um quarto!".
Faz hoje 19 anos de lambeijos.

10 junho 2007

Nos dias bons chegava à beira, fincava os dedos dos pés até arranhar o lodo e mergulhava. Nesses dias podia com o mundo inteiro na palma da mão e levava-o com ela até ao fundo. Chegada aí, largava-o, batia com os pés na areia e cortava veloz até à superfície onde ficava a arquejar à procura de ar e mais ar para encher os pulmões. Depois estirava-se na água e ficava assim, ora de pernas encolhidas, ora a adejar os braços, ora a andar de bicicleta de lado obrigando o corpo a rodar sobre si próprio. E nunca se afundava, boiava sempre, daquela maneira estranha e desinquieta. Até a pele engelhar e as unhas ficarem roxas.
Nos dias maus chegava à beira, fincava os dedos dos pés até arranhar o lodo e ficava.
Nesses dias o mundo inteiro era-lhe pesado e tinha a certeza de que se mergulhasse nunca mais conseguiria voltar à superfície.
Então descia e deixava-se ficar na beirinha. Apanhava conchas e pequenos búzios que o mar descartara da sua colecção enquanto aguardava que o mundo ficasse mais leve. Só então o equilibrava na palma da mão e corriam os dois mar adentro.

06 junho 2007

Cinzeiro partido no canto...

...não se vê, mas é verdade. Que seria de nós se tudo o que é verdade se visse.