31 maio 2005

iPod... olá se pode!

Tirando o facto de ser lindamente desenhado, pequenote e caro, o iPod não passa de uma caixinha de música.
Esquecendo também o facto de eventualmente ser moda, "sinal exterior de riqueza" ou de atitude, é acima de tudo um prazer! Ter as nossas músicas à mão numa tal "embalagem", é delícia. Esqueçam os chocolates, os vibradores, as compras de impulso, nada consola como um iPod, auriculares no sítio e som lá em cima...
Claro que se é olhado ainda com estranheza, um puto ainda vá, mas uma mocinha já entradota, com ar de casada e mãe de filhos, naqueles preparos pela rua fora?! É estranho!.. e ainda por cima a falar sozinha !? O mundo está perdido.
É claro que se perde um bocadinho do "mundo à nossa volta" mas que se lixe, nem sempre o mesmo é coisa de se lhe tirar o chapéu, por isso...
Entretanto, na minha recente condição de adepta do iPod, dei conta de umas dicas que podem ajudar quando confrontados com o mundo exterior:
- cuidado ao atravessar a rua, isto aplica-se duplamente aos portadores de iPod;
- também na rua, moderar os ímpetos: nada de ouvir Mew, escolher por exemplo Damien Rice, aguenta-se melhor a vontadinha de acompanhar o refrão em altos berros;
- se alguém olhar de modo estranho, fazer o melhor sorriso enquanto se entorta os olhos. Costuma resultar.
- trazer sempre um par extra de esponginhas protectoras dos auriculares, as minhas estão sempre a desaparecer à medida que os puxo da mala para fora.
Não me lembro de mais.
Gosto muito do meu iPod.
Ponto final.

São 13.35 e estou mole como açorda.

27 maio 2005

Os melhores cheiros do mundo

O cheiro certo no momento certo leva-nos ao nirvana ou ao vómito.
Estes são os meus eleitos:

- terra molhada
- café acabado de fazer
- bébé

E o vosso nariz, o que vos diz?

São 00.09 e está tudo bem.

26 maio 2005

Arremedo de Haiku

Brisa quente -
ao de leve afaga
e adormeço.



São 03.36 e está tudo bem.

25 maio 2005

Forgive me Father, for I have sinned. It's been 30 years since my last confession.

Chamava-se Manuel. Devia ser novo ainda na altura, talvez trintas e tantos, alto, bem parecido, simpático, acessível, sempre disponível e bom ouvinte e ainda por cima, Padre.
Todos gostavam do Padre Manuel, novos e velhos, era disputado pelas famílias influentes para os jantares, recorriam a ele para tudo, opinião ou obra, nunca tanto se fez na freguesia inteira, nunca tanto bailarico se organizou, nunca houve tanta moça disponível para catequizar ou fazer a limpeza da sacristia ou paramentos.
O meu primeiro filme projectado vi-o no salão paroquial. Depois de uma festa qualquer que meteu farto almoço, seguiu-se a exibição de uma fita. Seria de esperar que escolhesse uma qualquer cobóiada, mas não, escolheu O Rapaz dos Cabelos Verdes de Joseph Losey.
Também na hora da confissão podiamos contar com ele. Estar à espera em silencio, a ensaiar a lista de pecados, era angustiante. Depois entrava-se na sacristia, ele estava à espera, sorria.

"Então, conta lá...." Puff, mente em branco, gaita, nem um pecadinho, ái rápido, alguma coisa.....
"... aborreceste a tua avó?" Sim! Isso, isso...!
"... não a ajudaste em casa?" Exactamente !
"... não tens estudado nem feitos os trabalhos da escola?" Mais, mais....
"... e disseste palavras feias?" Merda! disse merda!
Saía uma tonelada de cima, ele sabia tudo de cor e salteado, conhecia-nos por dentro e por fora e garantia uma safa divina! Que mais se pode pedir de um padre aos 7 anos?
Mas nada se mantem eternamente na mó de cima e o estado de graça do Padre Manuel não era diferente. Espíritos mesquinhos começaram a espalhar frases maldosas aqui e ali, quem conta um conto acrescenta um ponto e num ápice passou de santo a cruxificado na praça pública.

A gota de água veio na forma de uma criança a quem o Padre Manuel deu o seu nome. Escândalo, escárneo, mal-dizer, ouro sobre azul para a cambada de hipócritas ingratos e de memória curta que conseguiu assim expulsá-lo da freguesia com o amém dos superiores hierárquicos. Foi enviado algures para os subúrbios de Lisboa, onde aparentemente não fazia diferença ser padre perfilhador de crianças.
Ele foi o primeiro e último padre com P grande que conheci e marcou a minha primeira desilusão com a Igreja. Não sei o que foi feito dele, se continuou a espalhar a "palavra de Deus" com o entusiasmo contagiante que o caracterizava e arrastava tudo e todos. Espero apenas que não seja só amargura o que sente quando ocasionalmente se lembrar de nós.

23 maio 2005

No início era o verbo...

Nunca houve no passado grande aptência para partilhar o que quer que fosse com livrinhos, vulgo diários. A culpa até poderia ser das capas com fotos de meninas e meninos de ar melancólico por isso optava-se por cadernos de papel reciclado, mas não. Nada, népia, quedavam-se alvos e virgens e acabavam eventualmente a servir de livro de receitas.
A sensação de nada ter a dizer aliada à preguiça é uma combinação terrível. E saltar de blog em blog, cada um mais inspirado do que o outro, não ajuda nadinha. "Fica quieta, que para botar má figura já basta o que para aí anda!"
Mas e depois?... passar por cá sem asneirar/argolar, enfim, errar! é como só comer mousse de chocolate sem ter passado pelo óleo de fígado de bacalhau!
Vamos escrever o que nos der na gana, quando nos der na gana, tentando não ceder à preguiça e à auto-censura.
São 21.08 e está tudo bem.

22 maio 2005

A bola é redonda

O Benfica é campeão, paz à nossa alma.
São 22.18 e nem tudo está bem.