O homem do mar
Era um velho de olhos muito azuis e cara coberta de pequenas ondas. Nascera longe do mar e quando o vira pela primeira sentira como se nunca tivesse vivido. A partir desse dia escolheu-o como sua terra.
Sobre ele e por ele navegou, ora em cascas de noz ora em monstros portentosos. Quando, ao fim de meses, chegava a um qualquer porto encostava-se à amurada e ficava a olhar para o burburinho lá em baixo, os carros, as pessoas a deslocarem-se constantemente em movimentos brutos e pesados.
Ao contrário dos outros, não ia a terra. Assim que punha pé em chão firme sentia-se enjoado, zonzo, perdia o equilíbrio naquela rijeza que lhe suportava os passos. Se precisava mesmo de sair levava com ele um pequeno e maltratado leitor de cassetes no bolso. Dentro apenas uma cassete gravada com música das ondas, o assobio do vento, aqui e ali um grasnar de gaivota ou um canto de baleias. Atrevia-se então a sair e avançava por entre as gentes de peito oprimido mas seguro por aquele cordão umbilical.
Um dia saíra do barco levado às pressas para um hospital onde ficara o tempo suficiente para perceber que regressara de vez a terra firme. Pó és e ao pó voltarás. Mas ele não. Ele era água e sal, espuma, vento e sol...
Assim que pode levantou-se e saiu rumo ao mar. Lá chegado, deixou-se ir num consolo líquido de quem volta ao ventre materno.
Sobre ele e por ele navegou, ora em cascas de noz ora em monstros portentosos. Quando, ao fim de meses, chegava a um qualquer porto encostava-se à amurada e ficava a olhar para o burburinho lá em baixo, os carros, as pessoas a deslocarem-se constantemente em movimentos brutos e pesados.
Ao contrário dos outros, não ia a terra. Assim que punha pé em chão firme sentia-se enjoado, zonzo, perdia o equilíbrio naquela rijeza que lhe suportava os passos. Se precisava mesmo de sair levava com ele um pequeno e maltratado leitor de cassetes no bolso. Dentro apenas uma cassete gravada com música das ondas, o assobio do vento, aqui e ali um grasnar de gaivota ou um canto de baleias. Atrevia-se então a sair e avançava por entre as gentes de peito oprimido mas seguro por aquele cordão umbilical.
Um dia saíra do barco levado às pressas para um hospital onde ficara o tempo suficiente para perceber que regressara de vez a terra firme. Pó és e ao pó voltarás. Mas ele não. Ele era água e sal, espuma, vento e sol...
Assim que pode levantou-se e saiu rumo ao mar. Lá chegado, deixou-se ir num consolo líquido de quem volta ao ventre materno.
11 comentários:
Tá tão bonito!:)
:)
xx
Poeticamente bonito!
:-)
Gostava de tê-lo conhecido também...
beijinhos e boa semana
A Cavalinha, com o molho de Vilão... a Espada, com batata às rodelas, tirinhas de pimento, cebola e a eventual rodelita de batata doce, e o molho a acompanhar o milho. Os pastelinhos, com os restos do peixe do almoço... O Bacalhau. O pastelão, o cozido com grão cebola e salsa picadinhas. As pataniscas, Os pastéis de bacalhau... O Arroz de bacalhau, meu Deus! O ARROZ!
O ventre materno e o mar, outra epopeia insular.
E hoje, o que é o jantar?
xxx
A.
Eu cá faço-te um dia destes um arrozinho de bacalhau à moda da mãe, se quiseres....:):)
Foram uns caneloni de peixe. E para a próxima acrescento uns camarões, acho que vai dar bom.
E por esta linha de comentários se vê que a falta de fumo tolda a vista, óó!
Ai que saudades... do que escreves e do que escrevo. Matei-as agora, as de ti, e ando a tentar matar as de mim. Por enquanto, babo-me com as tuas palavras e com os sentidos num jantarinho bem feito. Bem hajas.
Humm que lindo... apeteceu-me estar ali a olhá-lo a ir...
Beijinho
Bom fim de semana ^-^
beijinhos da tua sobrinhanética
Minhas meninas, beijinhos repenicados nessas bochechas.
Boa semana!
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