Os Vampiros
No céu cinzento
Sob o astro mudo
Batendo as asas
Pela noite calada
Vêm em bandos
Com pés veludo
Chupar o sangue
Fresco da manada
Se alguém se engana
Com seu ar sisudo
E lhes franqueia
As portas à chegada
Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada
A toda a parte
Chegam os vampiros
Poisam nos prédios
Poisam nas calçadas
Trazem no ventre
Despojos antigos
Mas nada os prende
Às vidas acabadas
São os mordomos
Do universo todo
Senhores à força
Mandadores sem lei
Enchem as tulhas
Bebem vinho novo
Dançam a ronda
No pinhal do rei
Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada
No chão do medo
Tombam os vencidos
Ouvem-se os gritos
Na noite abafada
Jazem nos fossos
Vítimas dum credo
E não se esgota
O sangue da manada
Se alguém se engana
Com seu ar sisudo
E lhes franqueia
As portas à chegada
Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada
Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada
"Os Vampiros", Zeca Afonso
Esta foi a primeira canção do Zeca Afonso que ouvi por alturas do 25 de Abril, mais ano menos ano. Gostava mas achava-a estranha e sombria sem lhe perceber bem as palavras. Tantos anos depois mantém a actualidade e pertinência: os vampiros apenas ganham caras e métodos diferentes mas continuam por aí.
2 comentários:
Ai, quem me dera ser Vampiro! E que tu fosses um bacalhau... e não me lembro bem mas tb metia uma cabecinha de pargo? ou seria mero? Não, isso é a boca do outro. pescada, é o que era!
De qualquer maneira chupava-te toda na mesma.
E quanto ao Zeca, ele devia saber que a gente tamos aqui é para nos comermos uns aos outros.
Antonymous
E as espinhas?!
E eu bem sei que o teu sonho era viver paredes-meias com o "elefante branco", "passerelle" e "fugitivo"! Bendito apetite...
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