9 de Maio... Da bilha de gás
Eu tinha realmente pedido para trazerem gás mas tinha esquecido de dizer onde deviam entregá-lo. Era uma miúda e nunca tal questão prática tinha passado pela minha cabeça. Agora a bilha estava ali em casa da minha avó, na parte de baixo da aldeia, e de certeza que não ia ganhar pernas para subir até à minha casa. A mãe estava furiosa, sem gás e a ter de carregar aquele pesadelo pela aldeia acima, eu chorava baba e ranho, aflita com a situação. E metemos mãos à bilha. A primeira etapa era uma subida puxada e dura até à capela. Entre arranques e paragens para recuperar o fôlego, quando lá chegámos já a minha mãe tinha deixado a zanga para trás. O problema agora era o riso. A nossa figura era tal, estávamos tão cansadas que por tudo e por nada desatávamos numa risada, perdíamos as forças e largávamos a bilha. E ainda faltava o melhor da festa: a segunda etapa da subida até ao topo da aldeia. Se subir aquela ladeira em condições normais era uma dor, então a carregar uma bilha de gás era um verdadeiro calvário. E a rir que nem colegiais idiotas por tudo e por nada também não ajudava. Mas chegámos a casa. Rebentadas, com as mãos vermelhas e inchadas, encharcadas em suor e às risadas como se tivéssemos assistido a uma comédia na primeira fila. Agora, quando raramente surge um stress uma uma situação do género, uma de nós dirá "Ficaste chateada? Olha, vai carregar uma bilha de gás!" |
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