20 maio 2006

"I don't like architects!"

"5 Anos de tolerância
Os Srs. deputados vão votar mais uma vez sobre matérias que desconhecem. Mas falam como se lidassem com o problema todos os dias. É só ouvi-los falar…
Os arquitectos tiveram 5/6 anos de formação superior na qual empenharam a sua vida, os seus recursos e os do Estado. São hoje mais de 13 000 e acotovelam-se para arranjar emprego como porteiros em discotecas. Não podem concorrer com os preços, a irresponsabilidade e a incompetência dos outros técnicos a quem a lei 73/73 atribuiu "competências" para conceber edifícios. São "competências" que não lhes foram dadas nunca, num processo formativo estruturado e coerente, mas sim "emprestadas" por lei e numa altura em que não eram mais de 500 os arquitectos neste país.
Esses tais "outros técnicos" são responsáveis por 80% a 90% dos projectos entrados e licenciados nas câmaras. Fazem-nos a "preço de saldo" porque sabem por um lado a "desqualidade" do projecto que vendem e, por outro, a "desresponsabilidade" que colocam no processo. Não lhes custa muito, por isso cobrar o que cobram por um projecto decalcado.
Há quem goste deste estado de coisas. É uma atitude "esperta". Mas dos Srs. deputados seria de esperar uma atitude inteligente. Era suposto saberem que as decisões que se tomam de forma leviana e corporativa para proteger interesses instalados têm consequências na paisagem, e que já vai cheirando mal à nossa volta.
Mas não.
De que serve então ter uma lei de 1990 de adaptação da directiva europeia de 1985 que referia que esta área deve ser limitada a profissionais com formação superior em arquitectura? E a outra de 1998, que, definindo o estatuto dos arquitectos, lhes atribui em exclusivo esta mesma competência? E para que foi o "peditório nacional" de 2002 que exigia do governo acção nesta matéria? Quem é que ignorava este processo de fazer justiça e corrigir o que é imoral?
5 Anos de período de transição para que um direito, uma responsabilidade, uma obrigação do Estado perante o seu povo, a sua qualidade de vida, a sua paisagem, a sua estrutura urbana, enfim, perante a estatura reconhecida da sua arquitectura, se concretize. Mais 5 anos. Desde de 1990 que os arquitectos ganharam o número e o enquadramento legal necessário e suficiente para que justiça seja feita. As razões morais e de qualidade vêm já de trás, desde 1973. Desde 1973 a viver no reino da irresponsabilidade e a valorizar a mediocridade. Por isso não são 5, são já 16 anos e não é nada pouco! Com mais 5 chega a 21! E realmente é preciso ser-se maior e vacinado para aturar tamanha incompetência! E diz o egrégio bastonário que o governo (leia-se engenheiros) juntamente com o IMOPPI (leia-se engenheiros) já estão a regulamentar todo o processo de forma global e integrada… Será que se vão lembrar de chamar o seu a seu dono e decompor a direcção de obra em dois, criando um "Termo de responsabilidade pela arquitectura do projecto"? Sim, que se a formação é divergente e a actividade profissional é autónoma, então a direcção de obra terá que ser bicéfala. Mas também ninguém parece lembrar-se disso.
Mais 5 anos, francamente…!"
Tempo de antena do Antonymous. Porque desabafar faz bem.

2 comentários:

Anónimo disse...

Em vénia e com salam-al-eques!
Antonymous

Uxka disse...

Apago-te ou não?... apago-te ou não? Incomodas-me o suficiente para me dar ao trabalho ou não?... hum...